terça-feira, 1 de novembro de 2011

A vida como ela é: Só Pressão.


Nos últimos anos eu comecei a pensar em qual momento da vida sofremos pressão e cheguei à conclusão de que vivemos sob pressão em todos os momentos de nossas vidas. Parece estranho, mas no final você vai concordar. Acompanhe o meu raciocínio.

Antes de nascermos, a pressão está em nossos pais, mas que vai acabar refletindo em nós mesmos.  São perguntas e cobranças de quando vão engravidar, sem perguntar se realmente querem engravidar. E quando querem e não conseguem, vêm novas cobranças de que está demorando demais. Poxa, eles estão tentando, calma. Mas aí eles conseguem o objetivo. Engravidam e você começa a se desenvolver no útero da sua mãe. Do lado de fora, as pessoas começam a fazer os cálculos para saber o sexo do bebê. Tem até uma técnica de sentar em uma almofada. Se embaixo estiver uma colher ou um garfo já se sabe o sexo. Mas e se alguém de gracinha coloca uma faca e a mamãe senta justo nessa almofada? Até para o planejamento do quarto o sexo tem que ser conhecido. Esse é o primeiro planejamento da sua vida, e você ainda nem nasceu. E então vem o médico com o ultra-som tirar a sua privacidade. Ele te balança para que abra as pernas e faça o seu primeiro nú, que será mostrado para todos os familiares e amigos. Se deixar vai direto pro Youtube ou Facebook, se é que já não tem um perfil ou um blog seu rolando por aí.

Chega o momento e você acaba de aparecer de verdade para o mundo. Você ainda não sabe de nada, mas todos querem você de olhos abertos para saber a cor. Uns dizem que se parece com o pai outros com a mãe, ou com os avôs. Na verdade um recém nascido, normalmente não se parece com ninguém, a não ser com um joelhinho amassado, se for de origem oriental então... Mas as cobranças e pressões continuam. Todos querem saber se já nasceu o primeiro dentinho, depois querem saber se já está andando ou não. Alguns chegam a fazer a tal simpatia para varrer o medo da criança e ela começar a andar logo.  Mas pra quê a pressa? Depois que a criança aprende a andar ela não pode ir a lugar nenhum que tem alguém a segurando. Não pode ir até a estante que tem coisa que quebra, não pode ir até a cozinha porque é perigoso. Então porque não ficam logo com ela no colo? Cobram pra você aprender a andar e falam: Agora ninguém mais segura.

Esse é apenas o início de uma vida de pressões. A criança cresce mais um pouco e começa uma tortura que parece não ter mais fim: estudar. No início é: que lindo, que gracinha, isso só para agradar, mas depois começa a cobrança por letra bonita, não sei pra quê, se a maioria dos pais sonha com o filho médico, engenheiro, advogado. Quem precisa de letra bonita é professor e ninguém sonha com um filho professor. O filho vai para o ensino fundamental e poucas são as horas de lazer. Tudo é menos importante do que o famoso “para casa”. Até comer fica para depois do “para casa”.  E se não tiver notas boas, não tem férias, é recuperação mesmo e nada de bicicleta, vídeo-game, computador...

Vem o ensino médio, antigo segundo grau, e todo mundo quer saber: o que você quer ser quando crescer? Se você fala que não sabe irão te perguntar: está estudando pra que então? Mas essa é a melhor época da vida. Adolescência, baladas, amigos, baladas, diversão, baladas, etc... baladas... Tudo o que o adolescente quer é curtição, sem essa de estudar, mas até nas baladas tem cobrança: e aí, ‘pegou’ quantas? Mas o tempo vai passando, os 18 vão chegando e as cobranças aumentando. Já sabe dirigir? Vai fazer vestibular onde? É pública né? Está preparado para o Enem? Um milhão de perguntas e pronto. Você passa no vestibular ou no Enem e consegue chegar à faculdade. Mal começam as aulas e vem outro turbilhão de cobranças. Forma quando? Já está procurando está na sua área? O problema de estágio é que na maioria das vezes você já tem que ter experiência em dezenas de coisas. Como ter experiência se não consegue um emprego. Estágio é para aprender, uai. Na verdade o estágio é a forma mais barata de se ter um funcionário faz tudo. Mas aí você consegue um estágio na sua área e já querem saber se vai ser contratado. Paralelo a isso tem o tal do namoro, se você não está namorando tem algo errado com você, se você está namorando, o namoro vai atrapalhar nos estudos. E se o namoro é sério: Vai casar quando? Os filhos virão depois do casamento né?

Nisso você está quase formado, ainda está namorando e precisa de um emprego bom, para ganhar o bastante para poder casar, pois como dizem: quem casa quer casa... e aí? Vai morar onde? Se vai financiar um apartamento, logo falam: É loucura isso, é dívida pro resto da vida. Tem quem morar perto da mãe, mas da mãe de quem? Ou as duas mães moram longe ou sempre terá uma sogra por perto, a sua ou a dela. Mas enfim, você conseguiu se formar, conseguiu um bom emprego e agora já está pronto para marcar a data do casamento, afinal não falta mais nenhuma desculpa. E a data é marcada. Vai ter festa? Claro né? Lá vem mais despesa.

Depois de muitos anos, você aprendeu a andar, falar, “estudou pra burro”, namorou, formou, casou e mudou. Um ano depois ainda perguntam como está a vida de recém-casado. Mas não demora muito já querem saber: E o neném vem quando? Lembra do início dessa história: “Antes de nascermos, a pressão está em nossos pais” ? Pois é, vocês decidem atender aos cobradores e planejam o primeiro filho, que não demora pra vir. Mas se demorar as cobranças aumentam. O filho vem e novas perguntas: e o irmãozinho? Não se pode ter um filho apenas. E você não queria nem o primeiro ainda né? Mas tudo bem e vêm os três filhos queridos e desejados. Agora você precisa trabalhar mais, para ganhar mais dinheiro e sustentar a família. Nisso você não vê seus filhos crescerem, não vê o tempo passar e começa a envelhecer. Seus filhos já estão quase formados (coitados, passaram pelas mesmas cobranças) e você quase aposentado.

Parabéns você conseguiu. Constituiu uma família linda, todos formados e trabalhando e agora já pode descansar. Está aposentado e fica em casa relaxando. Em um belo dia de calor, você resolve sentar na calçada de casa ou no pátio do prédio onde mora e escuta a conversa de algumas senhoras que passam por perto: “Que absurdo, um vagabundo desses à toa o dia inteiro. Cheio de saúde e não vai trabalhar.” 

Ninguém merece.

Essa foi só para descontrair... Até breve com mais um Tecnologia em Foco.

Sérgio Rodrigo de Abreu

Um comentário:

  1. Tá ficando EXPERT nos textos.
    Se pensarmos bem...é assim mesmo. Se for mulher...piorou...a cobrança é duplicada...
    Eita vidinha exxxxxtressante!!!
    Não sei porque sai da barriga de minha mãe....kkkk
    Abraço.

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